quarta-feira, 1 de julho de 2015

Peregrinos da Eternidade, crónicas ibéricas medievais




Não sei realmente fazer crítica literária, mas não deixarei de dar a minha opinião sobre esta obra de José Bento Duarte, que acabei de ler na semana passada.   

Não sou nacionalista, considero até o nacionalismo, enquanto exacerbação do que é nacional para os nacionais, sem sentido, mas o facto é que nos sentimos diferentes em relação ao que reconhecemos como nosso desde sempre. É aqui que pertencemos, é com estas pessoas que partilhamos uma terra, um clima, alguns costumes, muitos dos quais já deveriam ser passado, e, sobretudo, uma Língua e uma História.

Vamos à obra:

José Bento Duarte narra-nos uma omnipresente interligação de destinos nesta Península Ibérica, entre portugueses e espanhóis. Não há como negar: estivemos sempre ligados, logo pela proximidade, por casamentos e pela disputa de terras.

Vamos folhear o livro e destacar apenas alguns pontos:

Aqui senti a dor e o desvario de D. Pedro I, depois de terem morto a sua Inês:

"Deste jeito se nos mostra o rei Pedro I de Portugal, a esbracejar desatinos e extravagâncias do seu infortúnio, a contorcer-se em danças de doido à frente do povo, a buscar nos regabofes pagãos e nos padecimentos alheios umas migalhas de alívio para a sua dor mais funda. Quando ele descarrega a revolta em qualquer mal-aventurado é como se retrocedesse até àquela terrível madrugada de Coimbra e tirasse um pouco de desforço do destino. Sempre com a alma aos uivos."


Apesar de não conseguir simpatizar com a figura tão ambiciosa de D. Leonor Teles, apreciei a sua dignidade no final do seu reinado. Como refere JBD, 

"Podia ter vivido como tranquila amante de um rei - quis ser rainha contra o mundo. Podia ter-se rendido à ambição, casando com o assassino do seu mais fiel vassalo - escolheu a dignidade de uma recusa perigosa. Podia ter-se vendido ao mais poderoso dos ibéricos - optou por enfrentá-lo, arriscando a vida num combate desigual. Mulher mui inteira e de coração cavalheiroso, senhora de mil encantos e de astúcias subtis, ela preferiu sempre quebrar em vez de torcer."


 
Sou humana e o que mais me impressionou foi, quase no final, o relato do Cerco de Lisboa de 1384…


A História é-nos transmitida "a correr", de forma resumida, na escola. Se queremos saber mais, temos de aprofundar com boas leituras, como a deste magnífico livro que recomendo.

Muito obrigada, José Bento Duarte!

9 comentários:

  1. Eu gosto muito de história, por isso dedico algum tempo ao seu estudo, e concordo que Portugal e Espanha sempre estiveram mais próximos do que aquilo que eles pretende admitir!

    Bjxxx

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  2. Parece me ser uma obra perfeita para quem tem gosto pela história do seu país.
    Não faz muito o meu estilo.
    Beijinhos

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  3. Uma bela resenha! A história pareceu-me bem interessante
    Beijos minha querida

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  4. La historia es la que es, aunque no siempre nos llega como en realidad pasó. Interesante y enriquecedora lectura. Gracias por compartir
    KSS
    New post http://tupersonalshopperviajero.blogspot.com.es/2015/07/a-trip-to-prehistoric-cromeleque-dos.html

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  5. Muito, muito interessante e ótimo para relembrar os grandes momentos históricos! Tenho que ler!

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  6. Eu também gostei muito do livro e fiz dele uma pequena resenha lá no Xaile.:)
    Obrigada pelas passagens que aqui apresenta e pelos seus comentários que me
    renovam a vontade de reler a obra.
    Bj
    Olinda

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