sábado, 4 de maio de 2013

Novas Cartas Portuguesas



Não sei fazer resenha ou crítica literária, nem sequer tento. Nisso é brilhante a minha amiga Cláudia, que nem suspeita deste blog…

Acabei ontem de ler esta obra brilhante e tão polémica quando foi lançada, em 1972: a primeira edição foi recolhida e destruída pela censura do governo de Marcelo Caetano, tendo sido instaurado um processo judicial às autoras que foram, ainda, interrogadas pela PIDE, pelo conteúdo da obra ser considerado "insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública". É, ainda hoje, tão actual, já que a condição da mulher permanece, em alguns pontos, imutável, em parte pela nossa natureza não-bélica, digo eu.

Reservei alguns excertos:


Quem fia, borda e ajeita
Murcha cedo como a rosa

Na página 211 pode ler-se
  

Que, nesta sociedade, muitas coisas lhe são gratificantes, sem dúvida; que a mulher (e o homem) não tem consciência de como é manipulada e condicionada, ainda oferece menor dúvida. A repressão perfeita é a que não é sentida por quem a sofre, a que é assumida, ao longo de uma sábia educação, por tal forma que os mecanismos da repressão passam a estar no próprio indivíduo, e que este retira daí as suas próprias satisfações.  



3 comentários:


  1. Minha querida

    Adorei! E ainda diz que não tem jeito!

    Fiquei com vontade de ler o livro. Vou em busca dele.

    Tenha um feliz dia.

    Bjs

    Olinda

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  2. A melhor maneira de dominar alguém é mantê-la na ignorância. Não é por acaso que tantos países onde as mulheres ainda sofrem uma horrivel repressão, o acesso à educação lhes seja vedado. E pegando na tua frase inicial, acredito piamente que o poder do conhecimento é maios do que qualquer arsenal bélico.

    Beijinhos (a crítica está óptima)

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  3. Ainda não li, mas tenho em casa à espera da vez. já falta pouco.

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